30/05/2008

QUEM É QUEM NO XADREZ ESCOLAR (III)

3. Gérson Peres Batista


Desde 1992 atuando exclusivamente como professor de xadrez, Gérson Peres Batista estruturou o Projeto de Xadrez Escolar de São Sebastião do Paraíso (pólo mineiro e uma das referências nacionais na modalidade) estando atualmente presente em 100% das escolas municipais e estaduais. Em 2003 estive acompanhando dois alunos que foram participar do Brasileiro de Xadrez Rápido, na categoria pré-mirim, um deles alcançando o título, em São Sebatião do Paraíso e pude observar in loco a força do trabalho que Gersinho realiza naquela cidade. No setor de xadrez de alto rendimento começou um trabalho pioneiro na região há 16 anos no Ouro Verde Tênis Clube, onde inúmeros alunos têm conquistado títulos estaduais e nacionais. Em 2002 esteve no Chile como técnico da seleção brasileira que disputou o Sul-americano Escolar. Alguns de seus alunos já viajaram a outros países para tomar parte em campeonatos (Chile, Colômbia, Equador, Peru e Turquia). No ano de 2000 criou o site Clube de Xadrez On-Line, página inovadora e de acesso gratuito que já ultrapassou a expressiva marca dos 6.400 artigos publicados. O Clube de Xadrez, como é chamado pela comunidade, é sem sombra de dúvida, o mais completo site de xadrez do Brasil. Seu trabalho mais recente é o de revisor técnico do Guia Prático de Xadrez Harry Potter, da Warner Bross, publicado no Brasil em parceria com a Editora DeAgostini Ltda. Em 2002 recebeu homenagem da Federação Internacional de Xadrez (Fide) por sua militância junto ao xadrez escolar. Foi homenageado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) em 2007 durante a realização das Olimpíadas Escolares em Poços de Caldas/MG pelo trabalho em prol do xadrez nacional. Enfim, por tudo que tem feito, Gérson Peres é referência nacional quando o assunto é xadrez escolar.

Visite o site www.clubedexadrez.com.br e descubra o belíssimo site que é fruto do trabalho de Gérson e sua equipe mineira.

PROF. AMORIM

18/05/2008

Processos Cognitivos no Xadrez

O ótimo texto abaixo, de autoria de Wilson da Silva, é apenas a introdução da dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação, Curso de Pós-Graduação em Educação, Setor de Educação, Universidade Federal do Paraná. Wilson me sugeriu disponibilizá-lo aqui no nosse site e prontamente aceitei a oferta. Toda a dissertação pode ser lida no link no final da introdução.

"Processos Cognitivos no Xadrez"

1 INTRODUÇÃO

Os jogos de tabuleiro têm um importante papel em pesquisas, desde
meados do século XX. Em 1944, baseando-se em jogos como xadrez e pôquer,John von Neumann e Oskar Morgenstern elaboraram a teoria dos jogos, cujaaplicação estende-se a problemas matemáticos, sociais, políticos, econômicos, da psicologia e também na guerra (DAVIS, 1973, p. 15).
A teoria dos jogos representa um método para abordar, de modo formalizado, os processos de tomada de decisão por parte de agentes que reconhecem sua interação mútua. (FIANI, 2004, p. XII). Considera que problemas de comportamento econômico, como a troca direta ou indireta de
mercadorias entre duas ou mais pessoas, o monopólio, o oligopólio e a competição livre podem ser analisados pela teoria matemática dos jogos de estratégia (NEUMANN; MORGENSTERN, 1990, p. 1).
Em 1994, os matemáticos John F. Nash, John C. Harsanyi e Reinhard Selten foram laureados com o prêmio Nobel em economia por suas análises sobre o equilíbrio na teoria dos jogos não-cooperativos. A teoria dos jogos fornece importantes elementos para se entender como um enxadrista escolhe bons movimentos durante a partida, conforme se verá no item 3.3.2 sobre a
análise enxadrística. Dentre todos os jogos de tabuleiro, o mais estudado é, sem dúvida, o xadrez, sendo que sua utilização pela psicologia é comparada à da Drosophila (mosca da fruta) em pesquisas de genética: “as genetics needs its model organisms, its Drosophila and Neurospora, so psychology needs standard task environments around which knowledge and understanding can cumulate. Chess has proved to be an excellent model environment for this purpose.” (SIMON; CHASE, 1973, p. 394).
O impacto das pesquisas sobre o xadrez nas ciências cognitivas foi bem captado por Charness num artigo de 1992. Charness pesquisou em duas respeitadas fontes de informações, a Social Science Citation Index e a Science Citation Index, para localizar as publicações mais citadas referentes ao xadrez, e encontrou o livro Thought and choice in chess (DE GROOT, 1946) e o artigo Perception in chess (CHASE; SIMON, 1973a).
O livro de De Groot acumulou 250 citações desde sua primeira edição em inglês em 1965 até 1989, enquanto que o artigo de Chase e Simon acumulou 350 citações no período de 1973 até 1989, sendo, portanto, duas citações clássicas: “a ‘citation classic’ accolade is usually awarded when a work hás between 100 and 400 citations, depending on size of the field of inquiry, so these two works can safely be judged to be classic ones.” (CHARNESS, 1992, p. 4). SAARILUOMA (1995, p. 17-20), descreve algumas particularidades que esclarecem porque o xadrez é tão apropriado para investigações cognitivas:
a) O xadrez tem uma base finita (32 peças com apenas 6 tipos
diferentes de movimentos, um tabuleiro com 64 casas e um conjunto de regras
bem definidas), mas a complexidade gerada a partir desses elementos simples é de tal ordem que o enxadrista não é capaz de calcular todas as variações e deverá conceituar as posições da partida antes de fazer suas escolhas.
b) Os enxadristas podem ser classificados em níveis de habilidade através do sistema de classificação (ELO, 1978) chamado rating1 que é adotado mundialmente. Assim, experimentos feitos em qualquer país podem ser comparados com precisão. Os experts reagem à mesma posição de jogo de modo diferente dos novatos, e isto é muito útil para compreender a seletividade. Os jogadores profissionais ou semiprofissionais tiveram que trabalhar milhares de horas para adquirirem seus níveis, e as habilidades que desenvolveram permitem aos pesquisadores analisar sistemas conceituais de diferentes níveis, o que faz do xadrez um jogo que possibilita obter informações sobre esses sistemas de processamento.
c) Os jogadores desenvolveram hábitos para verbalizar seu pensamento de forma espontânea. É comum ver enxadristas gastarem horas analisando partidas post mortem com seus adversários ou com os amigos. Para pesquisas em psicologia cognitiva essa característica é de grande importância, pois é notória a dificuldade das pessoas verbalizarem seus pensamentos.
GOBET (1998, p. 117) acrescenta também algumas características relevantes relativas à adequação do xadrez para investigações cognitivas: a) O xadrez oferece uma rica base de dados de partidas jogadas por competidores de diferentes níveis de habilidade, que podem ser usadas em estudos envolvendo ambiente estatístico. b) A base relativamente simples do xadrez é facilmente transformada em linguagem matemática ou computacional. c) Permite um cruzamento com a Inteligência Artificial. d) É uma atividade flexível que permite muitas manipulações experimentais. Embora o jogo de xadrez apresente muitas características que o tornam atrativo para pesquisas cognitivas, poucos estudos foram feitos apoiados na teoria de Piaget. Encontramos somente um, a dissertação de mestrado do belga Christiaen intitulada Chess and cognitive development (GOBET, 2002, p. 10-13), que buscou verificar se o estudo e a prática do xadrez aceleram a passagem do estágio operatório concreto para o operatório formal, mas nenhum efeito considerável foi encontrado (GOBET, 2002, p. 12).
Nossa investigação terá como suporte a teoria de Piaget, mais precisamente na obra A tomada de consciência (PIAGET, 1974a2), buscando estudar os processos cognitivos no jogo de xadrez. Acreditamos que essa investigação se mostrará relevante, não somente por não ter sido realizado umestudo semelhante, mas principalmente por que os processos cognitivos durante o jogo de xadrez podem ser descritos de forma clara e objetiva, sob o escopo da Epistemologia e da Psicologia Genética.

O trabalho completo do Professor Wilson da Silva pode ser lido no link:

http://www.fexpar.esp.br/Leituras/mestradowilson/processos_cognitivos_no_xadrez.pdf

17/05/2008

QUEM É QUEM NO XADREZ ESCOLAR (II)

Estou iniciando uma série em que relacionarei alguns professores, estudiosos e instituições e sua contribuição para o xadrez escolar no Brasil.

2. Wilson da Silva

Wilson da Silva é graduado no curso de Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná.
Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná (1998) e mestrado em Educação pela Universidade Federal do Paraná (2004). Atualmente é doutorando em Educação pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (com os créditos já concluídos),
Defensor da utilização do jogo de xadrez em contextos educativos, Wilson vem fazendo um excelente trabalho de desenvolvimento do xadrez no estado do Paraná e é um dos principais defensores de sua implantação no ambiente escolar em todo o Brasil. Em 1998 ou 1999, durante o Mundial Sub-18 por equipes realizado no Rio de Janeiro, tivemos a oportunidade de nos encontrarmos e debatermos o cenário do xadrez escolar no país naquela época. Claro que de lá pra cá houve um incremento significativo do ensino enxadrístico pelo país afora. E muito desse crescimento se deve ao esforço de Wilson da Silva o que o transforma sem dúvida em um dos maiores expoentes quando se trata de xadrez escolar.
Selecionei um texto escrito por ele para o site clube de xadrez: "Xadrez e Pedagogia"que pode ser acessado através do link abaixo:
http://www.clubedexadrez.com.br/menu_artigos.asp?S=1

O currículo do professor Wilson da Silva pode ser visto em:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4773727E8

02/05/2008

03. QUEM É QUEM NO XADREZ ESCOLAR (I)

Estou iniciando uma série em que relacionarei alguns professores, estudiosos e instituições e sua contribuição para o xadrez escolar no Brasil.

1. Antônio Villar Marques de Sá

O primeiro nome não poderia ser outro senão aquele que, possivelmente, foi o precursor dentro de nossas fronteiras do estudo entre o xadrez e a educação. Antonio Villar é Doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Paris, onde elaborou a tese “Le Jeu d’ Echecs et l’Education” (O jogo de xadrez e a educação) que demonstra os benefícios do ensino de xadrez em escolas de diversos países, inclusive o Brasil. Em português, o mestre Villar escreveu um bom texto intitulado “Xadrez e Educação”, leitura obrigatória para todos aqueles que queriam se informar sobre a atividade escolar enxadrística em outros países e as diversas experiências realizadas. Compõe ainda o texto ‘metodologia de ensino para professores e treinadores’. Uma leitura saborosa que serve de ponto de partida para quem se aventura na pesquisa de como o xadrez vem se desenvolvendo na área educacional nas últimas décadas. O Bacharel em Matemática da Universidade de Brasília, Antonio Villar é referência no universo enxadrístico, a ponto de seu nome ser quase sinônimo de xadrez escolar.
O texto “Xadrez e Educação” pode ser acessado através do link abaixo:
http://www.clubedexadrez.com.br/menu_artigos.asp?s=cmdview2298

PROF. AMORIM